Autoestima e a Sainha Vermelha: Um Relato Pessoal

Economizar ou se permitir? O dilema do supérfluo

Quando a gente tá tentando controlar o orçamento, muitas vezes se vê cortando muita coisa. Especialmente coisas que possam ser percebidas como “futilidade”. Estava eu, rolando as ofertas de uma loja online conhecida por seus preços baixos, procurando estritamente blusas básicas e baratas que dessem para trabalhar, sair e ir para a academia.

Eis que, no meio da busca, me deparo com uma sainha vermelha de pregas, com shortinho vermelho por baixo e um elástico branco na cintura. Era. A. Coisa. Mais. Linda. Do. Mundo. Eu amei assim que vi, inclusive nas fotos das reviews.
Mas os ‘poréns’ começaram a passar pela minha cabeça: esse elástico pode ficar folgado com o tempo, não ficaria boa com quase nada do que já tenho, provavelmente só vou usar na academia (por ser curta), custa R$ 75,00 reais e não é um gasto essencial (esse dinheiro pagaria uma conta de luz).
Não sei, ao fechar o pedido, coloquei a sainha vermelha porque queria, ao menos, experimentar. Provavelmente eu devolveria depois.


Autoestima baixa e suas armadilhas

Devo dizer que tenho tido uma tendência a baixa estima. Diria que, muitas vezes, fui na academia com roupas que me faziam querer voltar para casa… Eu não gostava do que via no espelho… Short folgado na coxa, outro arroxado demais, blusa muito larga, saia com a cintura fora do lugar, top muito curto sem sustentação adequada. Formas que me faziam sentir sem forma, desproporcional, coberta demais ou de menos… Inadequada.

Muito disso porque, por não ter tanta coisa e preferir evitar gastos, fui aceitando e usando o que me davam de presente ou o que não servia nas minhas irmãs – algumas escolhas equivocadas minhas também, tenho que admitir.
A baixa estima também estava me fazendo ter que lutar contra hábitos nocivos: comer bolinhos e salgados até na saída da academia. Me recompensar por ter aguentado o stress passado, talvez?


O momento da decisão: experimentar a sainha vermelha

Quando o pedido chegou, provei todas as blusas que eram a parte essencial e só gostei de uma – para se ter uma ideia de o quanto meu olhar é seletivo para o que fica bom em mim. Eu estava agora na vibe de tentar acertar nas escolhas, já sabia que devolveria as outras blusas. E aí, provei ela: a sainha vermelha.

Caiu como uma luva e eu fiquei a-pai-xo-na-da! Combinei com tênis branco, uma meinha branca cano médio com coraçãozinho preto… E… Ela não ornou com nenhuma blusa que eu tinha. Nenhuma. Mesmo. Nem com as que eu achei que fossem combinar (baby tee preta, por exemplo). Não sei se era o choque entre as texturas dos materiais que destoavam muito, ou se era porque as outras blusas não tinham os caimentos certos (umas largas demais, outras longas demais, outras com estampas na frente que fariam chamarem a polícia da moda).

E aí, mesmo tendo amado, eu não sabia se ficaria com ela. Demorou um tempo até eu pensar que poderia trocar o elástico se um dia fosse preciso (por um vermelho até, aí ela ficaria mais coringa), que poderia, talvez, comprar blusas básicas baratinhas para usar com ela, que tudo bem ser para academia ou até uma festinha, e que eu amei o vermelho e o caimento – e podia não ser fácil encontrar outra assim. Fiquei.


A véspera do primeiro uso

Chegou a véspera do dia de usar – seria a primeira aula coletiva de dança do ano novo na academia. Muitos ‘projeto-verão’ por lá. Eu tinha uma regata branca que talvez ficasse boa com alguns ajustes. Infelizmente, a costureira perto de casa estava de férias, então – se eu quisesse uma blusa ajustada – teria que ajustar por conta própria.

Minha mãe me ensinou o básico da costura à mão… Lembro de, quando criança, estar com ela e minha vó (as três juntinhas) trabalhando seriamente em roupas para minhas bonecas. Botei esse conhecimento pra jogo e, em plenas onze horas da noite, minha luz estava acesa e eu estava ajustando à mão as alças, cintura e barra.


O grande dia

Eu mal podia esperar o trabalho acabar para ser hora de vestir o combo. Vesti e aproveitei para passar muito perfume também. Afinal, se era para me sentir linda, podia muito bem usar a oportunidade para me sentir cheirosíssima. E foi isso mesmo, foi como eu me senti: maravilhosa. Um monumento. Um símbolo da perfeição humana. Mesmo aceitando que tenho ‘defeitos’, eram todos irrelevantes naquele momento.

Quando saí pela porta, estava até nervosa. Minha gym friend ficou de cara quando me viu – ela foi me cobrindo de elogios de casa ao destino. Na rua, cabeças viravam. Na academia, elogiaram muito o lookinho cheer lider – E o cheiro. Os ‘olhantes’ estavam chocados.

Mas sabe qual foi a parte mais legal? Eu ME senti linda, fofa, sexy, estilosa. Eu ME via nos espelhos e ADORAVA. Fiz uma hora de aula de dança e minha desenvoltura melhorou tanto que o professor notou. Eu QUIS aparecer na foto da turma. No final, mesmo com minha amiga já querendo ir embora, fiz ainda exercícios para braço, abdominais (e faria mais). Minha vontade era de passear: deixar as pessoas se impressionarem com a maravilha do universo que eu sou.


Inspirações e reflexões

Uma vez eu vi um vídeo em que uma moça dizia: se você pensa em sair muito bonita e, de repente, se vê diminuindo um pouco esse ímpeto (tipo, ‘talvez eu não devesse colocar o batom vermelho, é exagerado’) – não o faça. Não diminua. Às vezes, sair bonita e dar para alguém o privilégio de apreciar sua beleza, pode fazer o dia daquela pessoa.

Parece bobo, mas quantos de nós já não nos sentimos motivados a ir para a escola, treinar (ou alguma outra coisa) por ter uma pessoa bonita no lugar que queríamos rever? E, às vezes, a gente acha que essa pessoa só pode ser “o outro”. Por que não nós? E devemos entender que o bonito é extremamente relativo. Não estou falando de padrões de beleza determinados, estou falando da beleza já existente em cada um.

Algo que me influenciou também foi ver o video de uma querida dizendo que comprou lookinho de treino porque queria “se sentir adorável fazendo exercícios”. Acho que é exatamente sobre isso. Eu já tinha me sentido adorável um dia quando usei outra sainha que tenho, então pensei: por que não mais sainhas? E nessa vermelha eu acertei. Custei a tirar do corpo quando voltei para casa.


Por que se permitir é importante?

Ainda bem que eu me permiti esse pequeno luxo. O reflexo dessa atitude na minha autoestima foi impagável (espero que continue sendo assim sempre que usá-la) – e eu nem sequer senti vontade de usar açúcar e gordura como fontes de dopamina pós treino.

Refleti que a mesma sensação boa deve acontecer quando se usa algo bonito/confortável para estar em casa, para dormir, trabalhar, etc. Aliás, talvez isso seja algo que eu possa explorar mais: identificar as peças ou estilos que mais me fazem sentir poderosa, confortável e confiante em diferentes contextos. Parece que eu descobri uma fórmula mágica para cuidar ainda mais e melhor de mim mesma.

E, definitivamente, já posso começar planejando as finanças para adquirir mais cores da sainha – não é futilidade.
Esse episódio me fez pensar sobre como roupas que nos fazem sentir bem afetam nossa autoestima e motivação. Inclusive, essa matéria da PUCRS destaca que a autoestima é importanté até para a carreira! Não é apenas sobre estética: é sobre como nos sentimos e como isso reflete em nossas ações. Aquela sainha vermelha transformou meu dia, minha postura e até minhas escolhas.


E você, como está se permitindo se sentir bem?

Por fim, comprar a sainha vermelha foi um pequeno luxo que trouxe um reflexo imenso no meu bem-estar. E se você também experimentasse? Que peça, hábito ou escolha pode trazer um impacto positivo na sua autoestima hoje? Se você já tem peças que te fazem se sentir assim, por que não usar mais vezes? O hoje é uma ocasião especial.

Compartilhe nos comentários: Que peça ou detalhe faz você se sentir adorável? Quando foi a última vez que você investiu nisso?
Vamos explorar formas de nos sentirmos maravilhos@s todos os dias! 😊

Esse assunto me lembra que já falamos mais sobre autocuidado aqui. Então, dá uma olhada! 
Sem dúvida, há outras peças e práticas que ajudam a aumentar a autoestima (como perfume, penteado, ou até música enquanto se arruma), falaremos mais sobre em breve.

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